O mapa do mundo
Evelyn Heine |
Meu pai tem um pôster lá no escritório dele que é um barato. Grandão e todinho colorido. Acho até que tem todas as cores que eu conheço. Amarelo, azul, verde, vermelho… todas mesmo. Um dia eu estava lá, olhando pra ele, e o papai me viu e perguntou: – Que foi, Rô? (Esse é o meu apelido, que o nome mesmo é Rodrigo.) – Está gostando do meu mapa? Daí eu fiz que sim com a cabeça, mas não entendi o que ele tinha falado, não. Mapa? Eu sempre achei que era só um desenho… daqueles assim que eu faço, sem pé nem cabeça, quando eu não estou com vontade de desenhar foguete, nem casinha, nem palhaço e fico só rabiscando pra ver no que dá. Daí eu pinto de uma porção de cores e fica bem bonito. Por isso eu achei que aquilo no escritório do papai era só um desenho sem pé nem cabeça, rabisco de gente grande. Então ele me explicou que era um desenho, sim, o desenho do mundo inteirinho… com todos os lugares que existem no nosso planeta. Até a China tinha. Até aquele rio que a gente viu quando viajou nas férias. Aí ele me mostrou os cinco continentes, a África, Ásia, América, Oceania e… Europa. Pelo que eu entendi, cada um é dividido numa porção de pedacinhos que são os países. E o Brasil é um pedacinho da América do Sul. E a casa da gente, cadê? – eu perguntei. – Não, Rô, o mapa-múndi só mostra assim em geral pra gente saber qual é a cara do mundo. Não ia caber tudo aí nesse retângulo! – Sei, sei, mas uma coisa eu reparei nesse desenho do mundo… quem pintou gostava mais de azul do que das outras cores ou então era o lápis que estava maior, né? Que nada! Não era nada disso. Você não vai acreditar, mas tudo o que está pintado de azul é água, sabia? Meu pai me mostrou que no mundo tem muito mais água que terra. Eu achei engraçado, porque a gente vê chão que não acaba mais até chegar na praia, mas ele falou. Ainda bem, porque eu adoro brincar no mar e tomar banho de esguicho. Só que aí eu me lembrei de uma coisa que não combinava com aquele desenho de jeito nenhum. Então eu perguntei: – Ô pai, você me falou um dia que o mundo é redondo, não falou? Cadê o outro lado da bola, então? Nesse desenho só dá pra ver um, né? Ele deu a maior risada e foi contar pra minha mãe o que eu tinha perguntado. Minha mãe também riu, mas eu não achei graça nenhuma. Fiquei até meio esquentado. Daí os dois vieram, pediram desculpa, e me explicaram que não existe papel redondo pra desenhar o mundo direito. Que aquilo era só pra gente imaginar, pra “enrolar” o pôster dentro da cabeça até virar um canudão. Ah, bom! – eu falei. – Agora eu entendi. Então eu gostei mais ainda do pôster grandão… depois que eu descobri que ele era o mundo inteirinho dentro da minha casa, do escritório do papai e da minha cabeça… E todo dia eu ia lá e ficava olhando, olhando… aqueles pedaços coloridos, cheios de risquinhos. Quem será que dividiu tudo desse jeito? Tem uns pedaços grandes, uns bem pititicos. Tão pequenos que não deve caber nem uma formiga, coitados. – Paiêêê, pra que foi que dividiram o mundo, hein? Daí ele não deu mais risada dessa vez. Que nada, ficou todo sério, que nem quando ele assiste ao jornal na tevê. Pensava, me olhava, pensava de novo. No fim ele veio e me deu um beijo bem demorado na cabeça… – Não sei, meu filho, não sei... |
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