Carnaval
Alto Astral

Evelyn Heine

– Assim não dá! Quando é que vão fabricar espelhos maiores? – reclamou a Lua Cheia, fantasiada de Saturno.

– Desse jeito não vejo nada! Preciso começar de novo o meu regime pra ficar minguante!

Enquanto isso, as estrelas corriam de lá pra cá, arrumando o céu para o grande baile de Carnaval.

– Falta mais uns meteoros coloridos do lado esquerdo! – palpitou uma delas.

– Não! Ali é o lugar do Arco-Íris!

– Ah, sei… pro desfile de fantasias…

Tudo parecia ir muito bem, até chegar um satélite invocado, falando com sotaque americano.

– My God! Que confusão ser esta aqui? Quem dar ordem de bagunçar o céu?

E o rei Sol, que já tem fama de esquentado, fechou o tempo de vez:

– Um minuto aí! Em primeiro lugar, quem é o senhor? Não mora por aqui, mora?

– Eu ser Míster Satélite, do planeta Terra! Minha missão ser vigiar espaço, ok?

– Ok, coisa nenhuma, seu Míster! – respondeu o Sol. – Pode olhar à vontade, mas não vem dando palpite na nossa festa!

– F-festa? Então vocês querem dar festa no céu?! My God! – E olhava o pessoal de cima a baixo, com seu telescópio.

Aos poucos, todos iam chegando perto, pra ver o que se passava.

– Quem é esse esquisito? – perguntou uma estrelinha da Via-Láctea, toda vestida de havaiana.

– É um estrangeiro querendo acabar com o baile! – respondeu outra.

Quanto mais gente chegava, mais a coisa piorava. Até que o Míster Satélite, cercado por tanto blá-blá-blá, se encheu e deu um gritão:

– CHEEEGAAA!

O céu inteiro se calou. E o grito acordou todos os anjos.

– Eu só querer saber pra que ser esta festa, my God!

– Ora… então é isso? – disse uma estrela risonha, pintada de bolinhas.

– É porque é Carnaval, seu Míster!

– Oba! Carnaval? Samba? Alegria? Por que ninguém avisar antes? – se assanhou todo o tal satélite que, a essas alturas, já estava até olhando os outros sem seu telescópio.

Daí todo mundo ajudou a buscar o Arco-Íris para o concurso de fantasias.

Ufa! Deu um trabalhão pra ele não se desfazer no caminho!

O céu estava tão colorido que nem se via mais que era azul.

Os anjos, que já tinham acordado mesmo, resolveram ir à festa também, com lindos colares estelares feitos ali, na hora. Eles queriam brincar no baile, que era uma homenagem a todas as estrelas cadentes.

Então chegou a hora de começar.

Os anjos emprestaram suas trombetas.

O vento solar soprou uma música animada. Mas e a bateria? Não tinha nem um bumbo por aquelas bandas.

O jeito foi fazer o que eles faziam todo ano. Chamaram as nuvens mais negras do céu, que se encontraram no meio do salão. Na mesma hora, soou bem forte o Mestre Trovão:

CRÁS! BRUUM! TARATATAM!

E o barulho virou água, caindo em pingos de chuva num país do planeta Terra, onde o povo inteiro brincava.

Mas não fazia mal.

– Ih… olha só, todo ano a mesma coisa!

Sempre chove no Carnaval!


Veja como esta história foi publicada na Revista Alegria e Cia, da Editora Abril.
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