Juju na janela
Evelyn Heine |
Juliana gostava de ficar olhando pela janela.
Gostava quando João Japonês passava, com jeito envergonhado. Gostava de ver o jasmim cheiroso no jardim. De ver quem entrava e saía do prédio, fazendo visita, indo comprar pão, namorando no portão... |
A janela de Juju era melhor do que a tevê, acontecendo de verdade.
Sempre uma surpresa, uma emoção, uma curiosidade. Qualquer um podia assistir: velho, moço, criança. Era um programa sem idade. |
— Juju! Vem jantar! — Chamou, um dia, a mãe.
— Já vou! — Respondeu Juliana. E olhou mais um pouquinho. Viu a pressa de um mocinho. O porteiro tão sozinho, um pardal sair do ninho... E daí viu chegar um caminhão de mudança. | |
— Epa! Minha nossa! Será um novo vizinho?
— Juliana! — Gritou a mãe. — O jantar! Já chamei! A menina foi correndo, pensando no caminhão. Comeu tudo rapidinho pra saber de quem era a tal da mudança. |
E era mesmo de um vizinho: o Joel, tão bonitinho.
Ele tinha a idade dela. Olhou pra cima e deu tchauzinho. Então Juju sumiu de repente, de vergonha, de sapeca. |
E hoje, quem olha da janela vê os dois, o dia inteiro, de cochicho e risadinha.
E a mãe pergunta, então: — Cadê a Juliana? Será que já fez a lição? — Não... A Juju tá lá embaixo, namorando no portão! |
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