Entrevista com a professora Karina Volpe

Responsável pelo “Clube de Leitura Letras Brasileiras”

Karina Volpe é professora e dá aula de Língua Portuguesa em escola pública da cidade de São Paulo. Durante o período de isolamento, ela percebeu a necessidade de criar algo que melhorasse o rendimento dos seus alunos, principalmente em interpretação de texto.

"O livro é um alimento"
(Karina Volpe)

Como você teve a ideia de começar o
"Clube de Leitura Letras Brasileiras"?

No tempo do isolamento, vi que os alunos não estavam dando conta, tinham dificuldade de acompanhar o conteúdo e não estavam mais querendo fazer a lição. O problema é, principalmente, interpretação de texto. A leitura e a troca de ideias podem ajudar muito nesse e em muitos outros aspectos.

De que forma eles vão ler os livros?
Ah! Isso é uma coisa importante. Todos os livros que escolhermos são disponíveis na biblioteca “Arca de Noé”, pasta compartilhada. Usamos somente formato PDF para não excluir ninguém.

Só alunos da sua escola podem participar?
Não! Qualquer pessoa, a partir de 15 anos, pode participar. E isso eu acho muito legal. Queremos democratizar a leitura. O livro é um alimento!

Como vão ser os encontros?
Sempre virtuais, online, através do Meet (Google Meet). No começo eu pedi que as pessoas se inscrevessem, mas depois achei que isso poderia inibir as pessoas. Daí abri para quem quiser entrar. Mesmo assim, muita gente se inscreveu.

Você já fez algo parecido antes?
Sim, mas não virtualmente! E por isso mesmo sei que funciona. Na outra escola em que trabalhei, também pública, criamos a primeira academia estudantil de letras do estado (a da cidade já existia).

Conte um pouco mais sobre esta academia.
Ela se chamava “Academia de Letras Ruth Guimarães”. Foi a diretora da escola que me pediu para formá-la antes de uma feira literária que iria acontecer lá.

E os alunos gostaram?
Sim! Foi ótimo! Hoje acompanho o sucesso de todos que participaram. Eles viraram protagonistas, se destacam onde estão. É impressionante ver a diferença que faz a leitura na formação das pessoas.

Então agora você resolveu fazer um clube de leitura?
Isso. Eu quero formar alunos leitores, democratizar a leitura. Então fui buscar parceiros pra realizar este projeto. Porque um sonho, sozinho, é só um sonho. Juntando outras pessoas, ele passa a ser real.

Quem você chamou para ajudá-la?
Em primeiro lugar, pedi ajuda ao colega que entende de tecnologia, o professor de Matemática José Luis Castilho Perea. Daí começamos a colocar o projeto em prática.

E quem mais?
Também pedi orientação a um especialista em formação de clubes de leitura, Antonio Clementin. Queria uma coisa profissional mesmo. Ele é muito bom e aprendi bastante com suas aulas.

E como vocês fizeram para divulgar o clube?
Ah! Contamos com nosso divulgador especial: meu aluno Vinícius Araújo de Moura, de 17 anos. Ele produziu vídeos, banners e chamou as pessoas. Como eu disse, é uma equipe de gente envolvida pra transformar o sonho em algo real.
(Leia nossa entrevista com o Vinícius)

Quando foi o primeiro encontro do clube?
Nosso primeiro encontro foi no dia 15 de julho, na plataforma Google Meet, onde cabem 100 pessoas. Tivemos um público bem grande. Os alunos estão empolgados em participar disso. Fiquei muito contente.

Quantas vezes por mês o clube se encontra?
Uma vez por mês. E em cada uma iremos conversar sobre um livro diferente.

Qual foi o primeiro livro escolhido?
O livro “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus.

Por que esse livro?
Porque ele é escrito em forma de diário, de fácil acesso para o novo leitor. E fala de um tema presente na vida dos alunos: preconceito racial, social e cultural. Além disso, eu tive contato com a filha da autora, que aceitou o meu convite para participar de uma live com o clube, no dia 19 de agosto.

E você tem outros planos além do clube?
O passo dois é uma ideia que eu tenho: “Promotores da Escrita”. Eu acredito que, quando os alunos percebem o poder da leitura, também sentem vontade de escrever, expressar e registrar suas opiniões, suas histórias. Também gostaria de ver outros clubes de leitura surgindo em outras escolas. O projeto se espalhando por toda parte.

Julho de 2020



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