Entrevista com Décio Gioielli

Décio Gioielli "Tudo começou por causa da música. E minha pesquisa por um instrumento musical que se chama kalimba."

Por que você escreveu um livro (A mbira da beira do rio Zambeze) sobre a cultura africana? Como essa história começou?
Tudo começou por causa da música. E minha pesquisa por um instrumento musical que se chama "kalimba". Ele vem da África. Fui 6 vezes para lá por causa deste meu interesse. Lá eu aprendi muitas coisas e conheci muitos lugares. E me contaram as histórias que estão no livro.
Como aconteceu isso?
Bom, primeiro eu pesquisei muito por aqui, em bibliotecas etc. Queria saber mais para conseguir compor melodias para a kalimba. Então entrei em contato com um fabricante do instrumento, que fica na África. Aí me convidaram para ir lá, tocar minhas músicas num evento especial. Aluguei meus instrumentos e consegui pagar a passagem.

Como foi esta viagem para lá?

Foi ótima. Então fui mais cinco vezes, visitando vários países e aprendendo cada vez mais sobre os instrumentos africanos. E ouvindo histórias do folclore de lá.
Pode contar uma história pra gente?
Claro. Tem a história do "Mondoro". É um espírito protetor que surge em forma de leão. Ele bebe a água do rio e depois a transforma em chuva.
Uma vez, toquei essa música do Mondoro numa apresentação para crianças, lá no Sesi de Osasco. Daí começou a chover. Foi impressionante. As crianças adoraram.


Você tem CDs gravados?
Tenho, sim. O primeiro foi o "Kalimba", em 2000, com minhas composições. Depois veio o "Meu Neném", em 2003.

   


Um CD para bebês? Como foi isso?
É que o Paulo Tatit, do grupo "Palavra Cantada", viu um show meu e me convidou para tocar neste CD, que é para crianças. Depois disso, em 2010 fiz também o "MPBaby", tocando músicas do Caetano Veloso.
E o livro? Como aconteceu?
Eu participei de uma exposição de objetos africanos, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil). Fui tocar a kalimba lá e também contei uma história. Aí a escritora Heloísa Pires ouviu e me convidou para escrever o livro infantil.
Que história foi essa?
"O leão e o atalho." Se você quiser ouvir, pode ver o vídeo (abaixo) que fiz com a turma do "Quintal da Cultura".


Clique para assistir ao vídeo!

E tem também uma história criada por mim: "O sonho de Chaka".


O livro vem com um CD?
Sim. Neste CD tem cinco músicas. E tem a narração da história "O Leão e o Atalho". É bom porque a criança pode acompanhar com a leitura.

Quando você começou a se interessar por música?
Eu sempre fui uma pessoa curiosa, mas principalmente em relação aos sons. Quando eu tinha uns 12, 13 anos, minha turma se reunia para fazer música. Mas a gente não tinha nenhum instrumento (rs). Então o jeito era improvisar com caixa de sapato, garrafas com água, balde... Uma coisa que hoje muita gente faz, mas naquele tempo não era comum.
Então você já tocava percussão desde cedo.
Pois é... naquela época eu nem imaginava o que era percussão...

Explicação:
Os instrumentos de percussão são aqueles que fazem som com o impacto, raspagem ou agitação.
"Percussionista" é o músico que toca estes instrumentos, ou algum deles.

O que quer dizer "kalimba"?
Na língua "banto", "Ka" é pequeno, e "limba" é som. Então, podemos dizer que significa "sonzinho". Este instrumento tem um som muito doce, suave.



Como é uma kalimba?
É uma caixinha de madeira com algumas lâminas (linguetas) de metal. São elas que fazem o som, quando as tocamos com os polegares. A kalimba é da família dos "lamelofones" (instrumentos que têm lâminas). E a família dos lamelofones é muito grande lá na África. Tem também a "mbira", que aparece no título do meu livro infantil: "A mbira da beira do rio Zambeze".

Como foi que você descobriu a kalimba?
A primeira que eu tive, comprei de uma mulher que fazia objetos de madeira. Não era um instrumento profissional, mas já adorei o som, ficava tocando direto. Passei muitos anos brincando com ela. Você toca qualquer tecla e já parece uma música. Se você ficar tocando, tudo vai soar bem.
Mais tarde eu vi uma kalimba profissional, daí não sosseguei até ter uma igual àquela. Hoje tenho mais de 15, nem sei.

Ouça a kalimba!

Como você começou sua carreira?
Com 14 anos fui aprender violão. Depois entrei para um coral, o coral do Museu Lasar Segal. Eu era muito desafinado e não decorava nada. Mas o bom é que o professor que regia este coral me ensinou muitas coisas. Tive aulas de música com ele. Também aprendi muito nos Festivais de Inverno de Campos de Jordão, como bolsista de percussão. Depois fui para Cuiabá, tocar na orquestra de lá.
Foi meu primeiro trabalho profissional.

Você tem um bom ouvido para música?
Eu não tinha, não. (rs) Esta conversa de dom não funcionou comigo. Eu tive que estudar muito. Eu tentava tirar músicas conhecidas de ouvido, mas não conseguia. Daí eu mesmo fui compor as minhas (rs).
O que você recomenda para quem quer estudar música?
Estudar música é algo muito prazeroso e cada um tem o seu tempo, o seu talento. Então não fique se comparando com os outros. Pratique, vá em frente.

Toque nossa
KALIMBA VIRTUAL!!
SAIBA MAIS
Visite o Site do Décio!

Maio de 2016



Outras
entrevistas

Passe para
a frente!

Voltar à Home Page Baú de BrincadeirasBaú de
Brincadeiras
Será Ilusão?Será
Ilusão?
Como se faz?Como
se faz?
Jogos VirtuaisJogos
Virtuais