Fantasmas
embaixo da cama

Evelyn Heine

Um clarão forte e branco entrou pela janela naquela noite escura. Foi direto para debaixo da cama do menino que contava carneirinhos, tentando pegar carona em algum deles. Às vezes, os olhos da gente não querem mesmo dormir… E enxergam coisas assustadoras…  

Aquele clarão devia ser um raio, só isso. Pensando bem, estava na cara que era um fantasma! Uma porta rangeu com o vento, que balançou as cortinas. E o relógio da sala dava o ritmo para tantos barulhos estranhos:  

– Tic, tac, tic, tac…  

Claro que era um fantasma! Desses que passam a noite embaixo da cama, rindo de quem tem medo deles. E Maurício tinha! Tremia tanto que sua cama parecia ter um motor ligado no colchão.  

Então outro clarão surgiu na janela. E mais outro logo depois.

Maurício sentiu um arrepio e pensou: “Uma reunião de fantasmas bem embaixo da minha cama, justo hoje que eu não consigo dormir?”

Tentava fechar os olhos e pensar em outra coisa, mas aí se lembrava dos monstros que já tinha visto em trens-fantasmas e jogos de videogame. O silêncio brigava com o relógio da casa:

– Tic, tac, tic, tac…

Maurício brigava com sua imaginação…

Foi aí que escutou uma voz bem grossa:

– Vamos logo com isso!

O menino estremeceu.

“Ir logo com o quê?”, pensou.

Teve vontade de dar uma olhadinha bem rápida, só para ver a cara deles, mas nem conseguia tirar as mãos para fora da coberta.

– Dois ou um!

– Ganhei!

– Dois ou um!

– Ah, ah, ah! Agora ganhei eu!

Então era isso! Três fantasmas brincando de “dois ou um”. Que desaforo!

Pensou em correr para a cama de seus pais, mas lembrou que eles tinham ido a uma festa. E quantos fantasmas devem caber embaixo de uma cama de casal? Desistiu na hora.

Maurício pensou… “Já que eles gostam tanto de jogar...”

Respirou fundo, pulou da cama assombrada e foi até a sala ligar o videogame.

Depois voltou correndo para as cobertas, fechando bem os olhos. Contou até dez, ouvindo só as batidas do seu coração.

Aí dormiu tranquilo, com a certeza de que não havia mais ninguém debaixo da cama.

Silêncio total. Só o relógio, com sua melodia:

– Tic, tac, tic, tac…

De vez em quando, uma voz na sala:

– Ganhei mais uma!


Veja como esta história foi publicada na Revista Recreio, da Editora Abril.
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