ENTREVISTA

Cris Tavares "...O espaço que mais significou quintal para mim foi a rua. No meu tempo de criança – há cerca de 30 anos! – brincávamos muito na rua, durante o dia e também à noite. Era uma delícia..."

(Cris Tavares)
Você só escreve livros para crianças?
"Quintais" é meu primeiro livro de literatura. Antes dele, escrevi uma coleção de livros didáticos de Língua Portuguesa para crianças que estudam no Ensino Fundamental (1ª a 4ª série). Pretendo continuar escrevendo para a criançada (já tenho outras idéias querendo virar livro!), mas ficaria muito feliz também se produzisse algum texto para os maiores...
Como surgiu a idéia do livro “Quintais”?
Eu estava lendo o livro Meu Michel, de um autor israelense que amo – Amós Oz – e, em determinada altura, o romance falava de uma mãe que passeava com seu filho em um parque. Eu lia o livro deitada numa rede cor-de-laranja pendurada no corredor lateral do quintal da minha casa e, de repente, desviei os olhos do livro, olhei para cima, vi a fileira de telhados com céu azul no meio e os eucaliptos lá na frente. Dei-me conta, naquela hora, de que aquele era meu quintal e que havia muitos outros quintais por aí: a pracinha em frente de casa, por exemplo, e o próprio parque descrito pelo autor no livro que eu lia... Na hora rascunhei um texto que, aos poucos, foi se transformando no que é Quintais hoje. Usei as páginas em branco do final do livro para escrever e ainda tenho este original, a lápis, com vários rabiscos. Foi assim que surgiu Quintais: no balanço do olhar em meu quintal!
Fale um pouco sobre ele para a gente.
O desejo de escrever um livro para crianças é antigo... Há cerca de 10 anos escrevi um outro texto e enviei para várias editoras, mas ele não foi aceito. Hoje, olho para aquele texto e vejo quantos problemas havia ali, tanto na história, quanto na forma de escrever. Fico feliz que minha estréia como autora tenha sido com Quintais. É um texto poético, delicado, cheio de imagens da infância de muita gente. O livro é um brinde à brincadeira, à amizade, ao direito e à necessidade de recolher-se, sonhar e poetizar!


Foi você que escolheu a ilustradora Ana Terra para fazer os desenhos?
Sim. Encontrei-me com a equipe da editora Salesiana e levei um livro ilustrado pela Ana Terra para mostrar o tipo de ilustração que me agradava e que achava que combinava com o texto. Eles entraram em contato com ela que - felizmente! - aceitou ilustrar o livro.
O que achou deles? Eram como os quintais que você imaginou mostrar?
Simplesmente adorei as ilustrações de Ana Terra! Mais do que dialogar com o texto, ela acrescenta elementos de outros quintais em suas ilustrações, o que enriquece ainda mais o livro. As técnicas utilizadas por ela também me agradaram muito: colagens, bordado, pintura, carimbos... A diversidade de materiais remete à diversidade de quintais e infâncias que povoam nossas memórias.

Como foram os quintais da sua infância?
Quando criança, eu morei em dois sobrados e os dois tinham quintais nos fundos e garagem na frente. Mas, na verdade, o espaço que mais significou quintal para mim foi a rua. No meu tempo de criança – há cerca de 30 anos atrás! – brincávamos muito na rua, durante o dia e também à noite. Era uma delícia...

Você tinha muitos amigos? De que vocês brincavam?
Eu brincava muito com minhas duas irmãs e também com os vizinhos: Gláucia, Maninho, Elzinha... No quintal da casa da Gláucia e do Maninho brincávamos de concurso de miss! Engraçado: hoje eu acho concurso de miss uma coisa boba, sem sentido algum, mas naquele tempo achava o máximo desfilar pelo quintal! Na rua, brincávamos de pega-pega, esconde-esconde, queimada, mamãe-polenta, alerta, entre outras.
Qual é a sua formação?
Fiz faculdade de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, na Fundação Cásper Líbero. Depois, estudei literatura e fiz especialização e mestrado na PUC-SP. Continuo lendo e estudando muito sobre literatura – meu assunto preferido!
Quais são seus escritores preferidos?
Um deles eu já citei lá em cima: Amós Oz, escritor israelense. Além dele, os autores que sempre leio e releio são: Adélia Prado, João Guimarães Rosa, José Saramago, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Paulo Leminsky, dentre outros. Gosto muito de ler os autores que escrevem para crianças, como Ana Maria Machado, Lygia Bojunga Nunes, José Paulo Paes, Ricardo Azevedo e tantos outros!
Você ainda gosta de brincar?
Sim, claro! Brincar faz parte da vida... As pessoas costumam dizer que sou séria e, às vezes, evitam brincar comigo se ainda não me conhecem muito bem. Na verdade, sou um pouco desconfiada com brincadeiras fora de hora, mesmo... Mas, não dispenso uma conversa animada e bem humorada, um jogo de tabuleiro em dias de frio e chuva, um passeio de bicicleta, uma caminhada: formas diferentes de brincar.
Qual é seu passatempo preferido?
Passatempo é o que fazemos quando não vemos o tempo passar, certo? O que me faz esquecer que o tempo existe e está passando lá fora é a leitura, a música, o cinema, o teatro, a dança e um bom papo com amigos queridos!

Novembro de 2008


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